vídeo-poemas
audiovisual
Transbordar imagem, som e movimento à poesia escrita é algo que sempre me cativou, não apenas como uma maneira de expandir as figuras de linguagem aos sentidos da visão, audição e imaginação, mas também como uma maneira de experimentar com a arte e sensibilizar outras audiências através de novos formatos de poemas. Sarau do Balde #3 Direção: Marina Vergueiro
Edição: Mari Schaeffer
Narração: Pedro Vergueiro
Poesia: Viviane Mosé
Sarau do Balde #1 Direção: Marina Vergueiro
Edição: Marianne Schaeffer
Direção de Arte: João Galera e Gabriella Ribeiro
Música: Josyara (O que não sei explicar)
Sarau do Balde #2 Direção: Marina Vergueiro
Edição: Mari Schaeffer
Elenco: Daniel Gonzales e Georgina Melo
Poesia: Mano Brown
Eu tive Aids por 2 meses Poema de Marina Vergueiro para a Mostra Todos os Gêneros, Arte e Diversidade do Itaú Cultural.
Julho de 2019
Sarau do Balde #4 Direção: Marina Vergueiro
Edição: Marianne Schaeffer
Narração: Josyara
Poesia: "Ritual", Cazuza
Música: "I Love Paula", Yael Bat-Shimon
Deusas do Cotidiano Curta de 3 minutos produzido por Marina Vergueiro e Marianne Schaeffer baseado na poesia "Deusas do Cotidiano", de Sérgio Vaz.
Desde 2012, eu dirijo, escrevo e produzo vídeos-poemas de minha autoria e também outres poetes. Gosto muito de trabalhar em colaboração com outres artistas para que cada um possa contribuir com suas habilidades e ideias, afinal a poesia costuma ser uma atividade muito solitária e o Audiovisual me oferece contato humano e troca de ideias.
vídeo-poemas narciso, o perverso, descoberto Poema de Marina Vergueiro @marina_vergueiro
Direção e Montagem de Gui Godoy @guilhermegodoy
narciso, o perverso, descoberto
Às tuas maquiavélicas intenções
Devolvo teu riso cínico!
Quem é você na fila dos leucócitos?
Se a aids não me levou à óbito
Não será teu silêncio sádico
Que me dará o derradeiro golpe
Teu ego apesta misoginia
E eu caguei para tua arrogância
Teu semblante é frio e calculado:
um pródigo filho gay do patriarcado.
Sommelier de violência psicológica:
Não sou voluntária pra tua maldade!
(Covarde)
Quer me degustar estrebuchando no chão
Enquanto se masturba com um pedido de perdão?
Não!
Presta atenção:
Não serei manipulada!
(Tua inveja corrói só a ti mesmo
Respeita quem veio primeiro
Pois a vida não começa do meio!)
E é só tua a tua sombra
Encare-te a ti mesmo com teus olhos-bomba.
(Em silêncio)
Aprecie sem moderação essa tua cara de cú.
E vai se fú!
Hahhahahahjaja
Bisou
Eu tive Aids por 2 meses Mostra Todos os Gêneros, Arte e Diversidade.
Poesia de Marina Vergueiro
Projeto Exposta de Marina Vergueiro (LEG) - poesia e autocura O PROJETO EXPOSTA usa a poesia como ferramenta para ajudar no processo de libertação das opressões e amarras sociais de corpos que habitam todos os espectros do feminino e não-binários através de rodas de bate-papo sobre saúde e sexualidade. Para colaborar, acesse o link: https://www.kickante.com.br/campanhas/exposta
O PROJETO EXPOSTA nasce como um livro de poesias que vociferam a libertação dos bloqueios e traumas sociais que nos afetam o “segundo sexo” (mulheres cis, trans e não binárias) de maneira tão íntima, nos ataca pelo corpo, quitando-nos o direito a decidir sobre nós mesmas, sobre nossa própria saúde física e emocional, principalmente de nos aceitarmos e nos amarmos como somos. Após uma gestação de 7 longos anos (essenciais, mas urgentes), o PROJETO EXPOSTA, enfim, completa sua transformação ao compreender e acolher a necessidade da troca, do compartilhamento de afeto e experiências, do acolhimento entre mulheres para que possamos nos reinventar a partir de nossas dores e desafios mais íntimos.
Mais do que um livro de poesias, o PROJETO EXPOSTA é também uma ferramenta para ajudar no processo de libertação das opressões e amarras sociais de corpos que habitam todos os espectros do feminino e não-binários. Corpos esses que, ao serem cotidianamente invisibilizados pela sociedade, são privados de direitos básicos das seres humanas como saúde e dignidade.
expostaempoesia@gmail.com
Proibido proibir Poema de Marina Vergueiro
Não deveria ser proibido dizer eu te amo
Num olhar, num sorriso, num abraço
Num suspiro de alívio por pulsar contigo
Não deveria ser proibido
Nem mesmo vociferando com orgulho
(Em primeira pessoa do singular)
EU TE AMO
Diante do seu olhar
(Com)penetrado
Impenetrável
Mas tuas pupilas se dilatam quando eu me declaro
Você não vê
Mas seus olhos transbordam e falam por você
Não deveria ser proibido querer te amar
E convida-la para parir um mundo
Em que somos nossas próprias fortalezas
E ainda tenhamos uma à outra
Pra nos acolher e nos motivar
Não deveria ser proibido te beijar
E querer acordar nos seus dengos
Me perder nos seus seios e cabelos
E me encontrar em mim mesma
Permitindo-me ser tudo o que sou
Com boa sorte do seu cuidado
Porque escolhemos estar lado a lado
Não deveria ser proibido enfrentar o medo
E me banhar de coragem
- Embarca comigo nesta viagem? -
Não deveria ser proibido perder o chão
Sentir frio na barriga e falta de ar
Como gozar sem se entregar?
Como ser livre sem amar?
Não deveria ser proibido querer fazer amor com você
No meio de uma pandemia
Ou num país comunista
Numa batida de polícia
E também dentro do mar, só com o olhar
Não deveria ser proibido assumir o óbvio
E almejar reciprocidade
Não deveria ser proibido sentir saudade.
Poema Eterno Domingo Eterno Domingo
Poema de Marina Vergueiro
Escuta. Eu vou repetir tudo o que falei na semana que vem. Cê entendeu ou quer que eu repita? Estamos vivendo um eterno domingo. Um domingo em loop.Você dorme e amanhã é domingo, menina, ninguém vai te acordar. Você enrola na cama, como um bom domingo, levanta já perto do almoço, então não vale a pena tomar café - da manhã - pois o puro sem açúcar ainda faz milagres, mesmo aos domingos.O que será que faço pro almoço? Um bem bolado com todas as sobras da semana? Ou um prato especial que requer abrir um vinho? Ou uma cerveja? Ou uma gin tônica? Já acendeu um cigarro, hein menina. Uma latinha e já vou esquentando, afinal é domingo. O zap pra dar notícias de vida. E receber. Estamos vivos. É domingo, mas seguimos existindo.O cano do aquecedor furou, mas tem silver tape e Netflix. Não tem mais o quê fazer. E amanhã é domingo. Fazer o quê? Eu já falei na semana que vem, mas eu vou repetir. A vida acontece de domingo a domingo. E nada acontece aos domingos.
Poema Amor de Quarentena Amor de quarentena
Poema de Marina Vergueiro
Só porque não podemos nos tocar
Não significa que eu não possa
Te despir numa mensagem de texto
E me transportar pro teu aconchego
Fazer manha, pedir chamego.
Por mais que não possamos nos beijar
Eu não deixo de sonhar contigo
Acordo com frio no umbigo
Te ligo por qualquer besteira
Talvez você ainda me queira...
Mesmo que não possamos nos cheirar
Eu tremo quando você me responde
Sinto um negócio não sei onde
E me brota no peito seu rosto
Que beijo para inalar o gosto.
Nem mesmo sem poder te abraçar
Paro de arder na tua presença
Não temo passado nem sentença
Te quero durante, antes e pós quarentena
Não vê que amar é só o que vale a pena?
Fica Vai ter Bolo Poema de Marina Vergueiro
Eu queria fazer um poema de amor
Mas as hélices trituram o silêncio
O oxigênio apesta autoritarismo
No curriculum vitae:
Doutorado em racismo
Já não adianta
Panelaço
Cagaço
Ser muito macho
Invocar a Ciência, a Constituição
A Declaração dos direitos humanos
É sujeira num papel
Os helicópteros rasgam o céu
Perfuram os tímpanos
Tórax, rins, baços
Nos amputam os braços.
Eu queria fazer um poema de calor
Mas a frente fria, desta vez,
Não veio da Argentina
Clamavam por uma Nova Era
Nos meteram em guerra
Esquece o Benegripe, o resfenol
Esta gripezinha é tratada
Com fake News e pinho sol
Tá no Diário oficial
Injeção de intimidação e medo
Com uma bela dose de placebo
Turbinado de proteína e sódio
Fresquinho do Gabinete do Ódio.
Eu queria fazer um poema de esperança
Mas a sirene que toca
Não é de ambulância
A artilharia do Choque
Não me causa choque
Mas me dá ânsia
Ágatha, Miguel, João Pedro
Não puderam ser crianças
Quem protesta é preso
Quem trampa é rappi
Quem se fode é preto
Pede a palavra a branquitude
Só good vibes
Fitness, foco na saúde
Foda-se a vida!
Gin, tônica e cloroquina
Pó, Rivotril, ritalina
Doméstica é serviço essencial
Fica, Vai ter bolo
Fecal
De auxílio emergencial.